Como
O Pastor Pode Responder À Solidão, Às Críticas E À Rejeição E Ainda Manter Boas
Relações Humanas Com Os Membros?
“...
podeis vós beber o cálice que eu bebo...? (Mc 10.38)
Oswald
Sanders lista em seu livro (Liderança Espiritual, Editora Mundo Cristão) dois
princípios elementares sobre liderança cristã baseados em Marcos 10.32-40, no
episódio em que Tiago e João pedem a Cristo para ocuparem uma posição de
destaque em seu Reino (v.37).
Ele
identifica, em primeiro lugar, o princípio da “soberania na liderança
espiritual”. Conceder a alguém cargo de liderança é algo que já está
preestabelecido por Deus, apenas confirma-se o candidato que o Senhor já
reservou para esse fim; É notório que ninguém galga tal posição por méritos
próprios, por influência intercessora de alguém ou de um colegiado, mas é
preciso uma extensão humana e terrena do Reino para que administre as questões
da Igreja, como por exemplo: uma assembleia, convenção ou concílio. O livro de
Atos registra três assembleias: 1)Para escolher um apóstolo substituto de Judas
(1.15-26); 2)Para instituir os diáconos ao serviço social (6.1-6) e 3)A
assembleia geral do capítulo 15, realizada para resolver questões a respeito
dos ritos mosaicos, se seriam aplicados, aos gentios que aceitaram a fé,
comissionando obreiros para noticiar a decisão convencional.
Os
pastores são levantados soberanamente para exercerem seus cargos de liderança
reservados a eles pelo próprio Senhor, foi Jesus que apresentou esse princípio
ao dizer: “mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me
pertence a mim concedê-lo, mas isso é para aqueles a quem está reservado.” (Mc
10.40). A convenção local reconhece o ministro que Deus preestabeleceu, função
que nossa pastoral – CONADEC – desempenha muito bem.
Por
esse motivo estejamos conscientes de que a instituição eclesiástica é divina
com funções espirituais e execuções humanas, eis a razão pela qual não devemos
nos opor ou questioná-la. Além do reconhecimento de uma instituição, é preciso,
também que alguém os apresente. Como por exemplo: Barnabé que apresenta Paulo
aos Apóstolos, “Barnabé, tomando-o [Paulo] consigo, o trouxe aos apóstolos…”
(At 9.27); o próprio Paulo, que depois de alguns anos, ingressa Marcos no
ministério, “… Toma Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o
ministério.” (2 Tm 4.11); e os discípulos que escolheram os diáconos “ e os
apresentaram ante os apóstolos…” (At. 6.2,3,6).
O
segundo princípio reconhecido por Sanders na fala de Jesus foi o “preço da
liderança”. O Senhor deixa claro que há um custo alto a pagar para quem quer
assumir uma posição de liderança:“… Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o
cálice que eu bebo e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado?” (Mc
10.38), a pergunta evidencia haver custos para exercer uma liderança eficaz.
Sanders destaca que a solidão, a crítica e a rejeição são alguns fatores que,
dentre outros, definem o preço da liderança. Mas, como o pastor deve responder
as críticas, rejeição e solidão e ainda manter boas relações humanas com seus
membros (FAETAD, 2006)?
Solidão
Tomar
decisões nunca foi fácil; Em ambiente coletivo, às vezes, gera conflitos de
opiniões e consequentemente problemas relacionais. George Barna, um dos mais
proeminentes pesquisadores de liderança cristã americana e presidente da maior
organização norte-americana de consultoria de administração de ministérios,
revela os tipos mais comuns de conflitos: “colisão de personalidade, lutas de
poder, insegurança, falta de reconhecimento: São os conflitos relacionados com
assuntos pessoais” (George Barna, 2004).
Quando
o Pastor decide tomar alguma decisão necessária para o crescimento da igreja,
algumas vezes, infelizmente fica solitário e é incompreendido como, por
exemplo, quando decidir mudar a liderança de um departamento poderá afetar
algumas pessoas e causar certo desconforto. Dado a situação ele pode ficar
solitário e incompreendido, este é o preço da gerência – a solidão. A igreja
precisa de obreiros que sejam servos e o pastor, naturalmente, precisa de
amigos fiéis; Longe de sua terra natal, a solidão se torna um custo angustiante
para quem aceitou, como Abraão, segregar-se das agremiações de sua “terra”, da
fraternidade de sua “parentela” e do afeto da casa do “pai” (Gn 12.1); Para ser
incompreendido, rejeitado e solitário em terra estranha.
Não
obstante, é impossível dar respostas à solidão causada por membros que,
insatisfeitos, se distanciam do pastor. Ele deve, no entanto, construir
mecanismos que a evite, tais como: 1) Procurar viver em paz com seus membros;
2) Entender suas singularidades, pois as pessoas não serão como você quer que
elas sejam; serão elas mesmas, apenas temos que aceitá-las; Por isso não seja
rancoroso ou temperamental, saiba que a maioria dos conflitos são gerados pela
deficiência das boas relações, portanto uma das partes tem que ceder; e 3)
conquiste novos amigos, aumentando seu círculo de amizade.
Crítica
(destrutiva)
É um
custo à liderança porque destrói a motivação para delegarmos. Sanders diz que a
crítica é o elemento mais “destrutivo” da liderança, compromete a autoestima, o
raciocínio e afeta a alma gerando um sentimento de rejeição no Pastor, causando
fragilidade comunicativa aos liderados. SCOTT HAGAN (Pastor-Presidente da Mars
Hill Community Church, das Assembleias de Deus de Sacramento, Califórnia-EUA)
teoriza que as críticas geralmente provêm das bordas (Nm 11.1) da comunidade e
da mistura de gente (Nm 11.4) não comprometidas com a liderança e o Reino: “… o
povo começou a queixar-se das suas dificuldades… a sua ira acendeu-se e fogo da
parte do SENHOR queimou entre eles e consumiu algumas extremidades do
acampamento” (Nm 11.1 – NVI).
Esteja
consciente de que quanto mais longe estiver do rebanho, mais surgirá murmuração
e se você voltar toda sua atenção para “o meio” as bordas ficarão deficientes;
nesse caso a liderança fica comprometida abrindo caminhos para revelias. Quando
Moisés ficou distante do povo muito tempo, embora fosse necessário naquele
momento, o resultado foi nefasto (Êxodo 32). Portanto, convém que os pastores
tenham cuidado quando precisar passar algum tempo longe do rebanho, o tempo de
ausência do líder determinará o quanto aparecerá críticas e a rapidez como elas
se propagarão contra sua administração.
A
melhor maneira de responder às críticas é o silêncio, Não revidar com palavras
ofensivas ou do mesmo calão; ao contrário, o líder deve agradecer por tais
críticas e fazer delas combustível para o aperfeiçoamento. Assim, os críticos
verão o posicionamento humilde do Pastor, conquistando suas emoções,
facilitando-lhes a aproximação e estabelecendo relacionamentos de confiança
entre ambos. Socializar-se é uma forma de evitar as críticas, conviver com os
que estão insatisfeitos, ouvi-los e saber tomar atitudes para não comprometer
sua liderança e a comunidade local ajudará a evitar as críticas destrutivas.
Não
rebata crítica com crítica, mas “elogie sempre antes de criticar ou apontar um
erro. Primeiro conquiste o território da emoção depois o da razão.” (Augusto
Cury, 2008). Tomando como exemplo Ulisses Guimarães que nas questões políticas
que precisariam do voto da maioria, o parlamentar não buscava conquistá-lo nas
tribunas do Congresso Nacional, mas nas mesas de restaurantes; depois que seus
críticos estavam com os ânimos calmos degustando um almoço promovido por ele.
Promova um “almoço” para seus críticos e os tornará em aliados.
Rejeição
Uma
mensagem não aceita, uma ordem não executada e semblantes insatisfeitos são
aguilhões poderosos que ferem, profundamente, àqueles que exercem o cargo da
liderança. A rejeição é muito mais sentida e causa ainda mais ressentimentos
quando se manifesta ao Pastor – A quem se espera obediência, em vez de
rejeição. Não devemos esquecer o fato de que a aceitação, submissão e
obediência são atitudes intrínsecas do membro em relação ao seu pastor:
“Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles…” (Hb 13.17-ARC 2009).
As
fontes da rejeição podem emanar das mais diversas características pessoais do
líder: Intelectual(quando o pastor é um profundo intelectual: Ex 2.14; ou
quando não tem uma formação aquém de seu público: Mc 6.3); Etária (quando é
muito novo: Gn 37.8; ou está na terceira idade: 1Sm 8.5); Estrutural (de
pequena estatura e semblante agradável: 1Sm 17.28) e etc.
A
rejeição é evitada e/ou respondida pela Influência, que é aplicada pela própria
atividade do líder: aliderança. Nesse nível a influência funciona como
prevenção à rejeição; dessa forma, a capacidade do líder de influenciar
direcionará a atitude do liderado em rejeitar ou aceitar suas posições,
liderança e sua própria personalidade. Porque “liderança é a habilidade de
mover e influenciar pessoas”(Sanders, 1985) fazendo com que elas mudem o
pensamento tendencioso à rejeição para aceitação.
Este
nível eu teorizo como: o Nível Técnico da Influência, é o nível que depende
exclusivamente da capacidade técnica da Arte da Liderança desenvolvida pelo
líder; O pastor que contagia, surpreende e influencia conquistará a confiança
do membro e fará dele um discípulo fiel.
O
outro nível é a oração e defino como: o nível espiritual da influência; Ela é
usada quando a rejeição estiver em plena ação, quando a capacidade de
influenciar já não for o suficiente para mover o coração obstinado do homem
rebelde. Experimente orar por um obreiro ou um grupo que está sendo
insubordinado, lhe rejeitando o tempo todo; A oração, permanente e exclusivamente
para esse propósito, irá movê-los e a rejeição será dissipada.
Sanders
cita Hudson Taylor, que garante ser “possível mover os homens, através de Deus,
apenas pela oração”. A obstinação humana torna-se mais difícil de combater
porque a arbitrariedade rege as decisões volitivas do homem, Senão seria fácil
liderar. No entanto, a oração é o recurso espiritual para o líder responder a
rejeição e manter boas relações humanas com os seus membros, Sanders esclarece
que “o alvo da oração é o ouvido de Deus. A oração influencia os homens, porque
influencia Deus, para que Ele influencie os homens. Não é a oração que move os
homens, mas Deus, a quem nós oramos.”
Fonte:
Gospel Prime
Por Pr. Cícero Araújo
Bacharel em Teologia pela FAETAD/GLOBAL UNIVERSITY Licenciado em Biologia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-CE Pós-graduando em Liderança e ADM. Eclesiástica. Pastor na Assembleia de Deus em Barroquinha-CE.
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